terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Os índios em Sergipe antes da chegada dos europeus



           Antes mesmo das crônicas e relatos de viajantes, padres e aventureiros como Hans Staden, Jean de Léry e Gaspar Lourenço, a organização social e cultural dos indígenas já estava bem consolidada, e isso movido por um processo que remonta os tempos pré-históricos. Com seus costumes e rituais peculiares, cada grupo étnico indígena distingue-se um do outro, seja pelo tronco linguístico, seja pela disposição geográfica no qual está situado.
Historiadores afirmam que antes da chegada dos europeus à América havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente. Só em território brasileiro, esse número chegava 5 milhões de nativos, aproximadamente. Estes índios brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco linguístico ao qual pertenciam: tupi-guarani (região do litoral), macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central), aruaques (Amazônia) e caraíbas (Amazônia).


Fonte: lemad.fflch.usp.br


Em Sergipe existia os tupinambás (índios do litoral) e no interior as tribos denominadas “Tapuias” – Kiriri, Boimé, Karapotó, Kaxago, Aramuru.


Fonte: Dantas, B. G. (1991).  Os índios em Sergipe.  Em D. M. Diniz (coord)., Textos  para  a  história  de  Sergipe. Aracaju: UFS/BANESE.


Mesmo não tendo registros e documentos oficiais que retratam a vida cotidiana dos índios a partir da ótica deles, temos a nosso favor a leitura à contrapelo (interpretar nos documentos a sua real mensagem, levando em conta o tempo e a origem social de quem o escreveu), e a disciplina chamada Arqueologia, na qual estuda as culturas e os modos de vida do passado a partir da análise de vestígios materiais.


Fonte: Dantas, B. G. (1991).  Os índios em Sergipe.  Em D. M. Diniz (coord)., Textos  para  a  história  de  Sergipe. Aracaju: UFS/BANESE.


Os índios viviam da caça, da pesca e da agricultura de milho, amendoim, feijão, abóbora, bata-doce e principalmente mandioca. Esta agricultura era praticada de forma bem rudimentar, pois utilizavam a técnica da coivara. Além de domesticarem animais de pequeno porte como, por exemplo, porco do mato e capivara. Não conheciam o cavalo, o boi e a galinha.
Também faziam objetos utilizando as matérias-primas da natureza. Vale lembrar que índio respeita muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessário para a sua sobrevivência. Desta madeira, construíam canoas, arcos e flechas e suas habitações (oca). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cerâmica também era muito utilizada para fazer potes, panelas e utensílios domésticos em geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as cerimônias das tribos.
Entre os indígenas não há classes sociais como a do homem branco. Todos têm os mesmo direitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos e quando um índio caça, costuma dividir com os habitantes de sua tribo. Apenas os instrumentos de trabalho (machado, arcos, flechas, arpões) são de propriedade individual. O trabalho na tribo é realizado por todos, porém possui uma divisão por sexo e idade. As mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Já os homens da tribo ficam encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das árvores.



O Pajé e o Cacique são figuras importantíssimas na vida do grupo, pois o primeiro é o curandeiro e o sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses. A pajelança é o ritual onde este invoca os deuses da floresta e dos ancestrais para efetivar a cura. Já o segundo faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os demais membros.



Na educação, os curumins aprendem desde pequenos, observando o que os adultos fazem e praticando desde cedo. A experiência educacional é baseada na realidade cotidiana dos índios, o pai sai para caçar o pequeno curumin o acompanha. Quando este chega a idade de 13 a 14 anos, passa por um ritual de iniciação à vida adulta.








DANTAS, Beatriz Góis. Tupinambá, um modo de ser índio. Os índios em Sergipe. In: DINIZ, Diana Maria de Faro Leal. Textos para a História de Sergipe. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe; Aracaju: Banco do Estado de Sergipe, 1991.

Sousa, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe I / Antônio Lindvaldo Sousa -- São Cristóvão : Universidade Federal de Sergipe CESAD, 2007.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arqueologia

www.historiadobrasil.net/indiosdobrasil/








2 comentários:

  1. Obrigado por manter uma pesquisa tão importante. Congratulações a todos que trabalharam com o tema. Sabemos que trabalhar como pesquisador demanda muitas horas de pesquisa, as vezes noite adentro, tudo isso exige muita dedicação e respeito pela questão histórica. Aproximar o máximo da realidade dos fatos históricos.

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